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Curso de Energias Renováveis da UEPB em Sousa impulsiona formação profissional e desenvolvimento regional

publicado: 14/07/2025 12h02, última modificação: 14/07/2025 12h19
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Fotos: Mateus de Medeiros
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Foto: Arquivo pessoal
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O curso Superior de Tecnologia em Energias Renováveis ofertado em Sousa (PB), vinculado ao Campus IV da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), tem se consolidado como uma iniciativa estratégica para a formação de profissionais aptos a atuar em um setor cuja demanda por mão de obra especializada é crescente. Criado em 2021, em parceria com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), ele tem uma localização estratégica e é o primeiro do Sertão da Paraíba.

Sousa está situada no Alto Sertão, numa região com índices de radiação solar que atingem mais de 2.200 kWh/m² anualmente. Os ventos também favorecem a geração de energia, com velocidade média superior a 7,5 m/s, ideais para geração solar e eólica (Atlas Brasileiro de Energia Solar, 2ª ed.).

O secretário Claudio Furtado, um dos idealizadores do curso, explicou a importância de ele ser ofertado no Sertão paraibano. “Essa região que abrange Sousa, Santa Luzia e Patos possui condições ideais para produção de energia solar. O mesmo ocorre com os ventos, para a geração de energia eólica, um recurso renovável abundante nessa área, e o aproveitamento da biomassa como fonte energética”, disse.

O curso foi idealizado pelo Governo da Paraíba e desenvolvido por meio da Secties e da UEPB, a partir da análise do cenário local. “O governo estadual, por uma iniciativa do governador João Azevêdo, a Secties viabilizou a criação do curso em parceria com a UEPB. É o primeiro curso superior de tecnologia voltado para energias renováveis da Paraíba, justamente no Sertão”, explicou Claudio Furtado.

Além de garantir aulas práticas a poucos quilômetros da universidade, Sousa também oferece um mercado de trabalho promissor para os formandos. Os primeiros diplomados, no ano passado, já estão inseridos no mercado de trabalho. A previsão é que a segunda turma colará grau em agosto deste ano.

Tendo em vista essas condições naturais promissoras, empresas do setor de energia renovável estão se instalando em Sousa. O mercado abriu as portas para mão de obra qualificada. “A importância desse curso está em sua proximidade com as necessidades reais das empresas que estão aqui se instalando. Esse alinhamento é um grande diferencial, além da alta taxa de empregabilidade. A maioria dos formados na primeira turma já atuam na área de energias renováveis”, completou o secretário.

As energias renováveis se baseiam no uso de recursos naturais que se regeneram continuamente, como o sol, vento, água, biomassa e calor geotérmico. Não emitem poluentes, especialmente gás carbônico, durante a geração e o consumo, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas.

Município é um “laboratório a céu aberto”

Atualmente, o setor energético paraibano demanda profissionais capacitados que possam atuar no segmento de geração de energia eólica, fotovoltaica e de biomassa. O curso de Tecnologia em Energias Renováveis da UEPB em Sousa busca atender a essa necessidade crescente, oferecendo disciplinas essenciais aliadas a conteúdos voltados ao empreendedorismo inovador e às demais fontes de energias renováveis, como biogás e térmica.

O coordenador do curso, professor e pesquisador José Alexsandro da Silva, destaca a inclinação da cidade sertaneja. “Sousa é um laboratório aberto, extremamente estratégico para o desenvolvimento de competências nas três áreas, eólica, solar e biomassa. Nossos alunos têm acesso a atividades de campo nos parques eólicos instalados próximos à cidade”, salientou.

Os profissionais formados têm a oportunidade de atuar diretamente no segmento, reduzindo a necessidade de importar mão de obra qualificada e ampliando a oferta local. Também poderão seguir a carreira como cientistas, empresários, investidores e gestores, proporcionando assim a geração de emprego e renda para o Estado e a sustentabilidade do setor energético estadual.

O curso tem três anos de duração, com carga horária de 2.150 horas de componentes curriculares básicos e 200 horas de atividades complementares. São ofertadas 40 vagas semestrais com ingresso por meio do Sistema de Seleção Unificada (SISU).

Um exemplo do impacto social do curso é a experiência do estudante do 5º período, Freitas Neto. Ele vislumbra a proximidade da formatura e diz que o curso foi também um incentivo para o retorno aos estudos após mais de três décadas longe das salas de aula. “Estava afastado da sala de aula há 36 anos, quando terminei o ensino médio na antiga Escola Agrotécnica Federal de Sousa, hoje IFPB”.

Uma amiga comentou sobre o curso e insistiu para ele se matricular. Em agosto de 2023, Freitas iniciou o primeiro semestre. “Com a força de meus novos colegas eu segui em frente e com muito esforço estou chegando ao fim. Hoje me sinto feliz e fiz grandes amizades. Tenho sido uma espécie de liderança entre os alunos quando queremos reivindicar alguma coisa. Inclusive fui eleito para fazer parte do conselho deliberativo do Polo de Sousa”, conta, orgulhoso.

Políticas públicas incentivam geração de energias de fontes renováveis na PB

O panorama das políticas e iniciativas públicas para a transição energética na Paraíba é propício ao aproveitamento dessas potencialidades. O Atlas Brasileiro da Transição Energética (MME/2025), lançado em maio, aponta a existência de sete leis que promovem uma matriz energética mais sustentável e diversificada. Dentre estas, estão leis que incentivam o uso de biomassa, especialmente para a produção de biocombustíveis, e a geração de energia eólica, fotovoltaica e de hidrogênio verde.

Em termos executivos, o Atlas Brasileiro da Transição Energética identificou o andamento de dois projetos, duas ações e dois programas, como o Balanço Energético da Paraíba e o Empreender Solar, uma linha de crédito destinada a pessoas jurídicas que pretendem investir em projetos de microgeração distribuída solar fotovoltaica.

As iniciativas e regulamentações na Paraíba contribuem para reduzir a dependência de fontes fósseis e mitigar vulnerabilidades climáticas.