Notícias

IV Painel Paraibano de Mudanças Climáticas leva ciência e diálogo comunitário a diferentes regiões do estado

publicado: 18/08/2025 11h29, última modificação: 18/08/2025 11h29
1 | 3
2 | 3
3 | 3
foto_horizontal_6.jpeg
foto_horizontal_1.jpeg
WhatsApp_Image_2025-08-14_at_09.31.48.jpeg

Com a participação ativa de pesquisadores, estudantes e gestores públicos, o IV Painel Paraibano de Mudanças Climáticas já passou por Sousa e Monteiro, levando discussões sobre ciência, dados e experiências locais acerca dos impactos do clima. Promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), em parceria com instituições de ensino e pesquisa, o evento segue agora para Campina Grande, em 4 de setembro, e João Pessoa, nos dias 24 e 25, ampliando o diálogo técnico e comunitário sobre desafios e soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A participação é gratuita, com inscrições disponíveis no site da Secties.

A abertura aconteceu em Sousa, no dia 7 de agosto, com a presença do secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior da Secties, Rubens Freire, além de autoridades, pesquisadores e estudantes. Já em Monteiro, nos dias 14 e 15, a programação foi realizada na biblioteca do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e contou com palestra sobre “Mudanças climáticas em diferentes escalas: O que temos aprendido no Cariri? O que podemos/devemos fazer?”, que abriu um debate participativo, reforçando o papel das instituições de ensino e pesquisa na construção de respostas e soluções eficazes para o semiárido paraibano.

Às vésperas da COP 30, que acontecerá em novembro no Brasil, a Secties promoveu a integração entre ciência e gestão pública para compreender os impactos das mudanças climáticas e buscar soluções para mitigá-los antes que seja tarde. “O Painel de Mudanças Climáticas acontece em um ano muito importante que vai acontecer a COP 30 no Pará. Tudo o que é discutido hoje em ciência e em desenvolvimento, é preciso levar em conta a sustentabilidade para a convivência cada vez maior com a questão dos recursos naturais, isso é muito importante, principalmente para deixar todo um legado para as futuras gerações da preservação”, ressaltou o secretário Claudio Furtado.

A coordenadora do painel, Simone Porfírio destacou a importância do evento retornar na sua quarta edição. “Estamos muito felizes por estarmos mais uma vez realizando o quarto painel de Mudanças Climáticas. Estamos surpresos positivamente com o engajamento do público, tivemos auditórios lotados e muito conhecimento compartilhado ao longo do dia”, disse.

Para a estudante Maria Clarice, que cursa Técnico em Meio Ambiente no IFPB Campus Sousa, o evento foi essencial para sua formação. “Acho muito importante essa palestra sobre as mudanças climáticas, ainda mais para o meu curso, porque já vou me adaptando mais e aprendendo mais sobre o tema.”

O professor de sociologia do Campus Sousa, Pedro Santiago Couto, também ressaltou a importância do debate. “Faço parte do Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (CERSA), que é muito preocupado tanto com as questões das mudanças climáticas, mas principalmente com a nossa Caatinga, um bioma que segue sendo devastado e pouco valorizado. Aqui na Paraíba, principalmente no Sertão e no campus Sousa, há uma preocupação imediata em tratar dessa temática, pela importância que ela tem não só para o Brasil, mas para o mundo. Um evento como esse é fundamental para dialogar com os estudantes, formar também as comunidades externas e seguir atuando para transformar essa realidade tão problemática”, comentou.

Alterações no clima ocorrem naturalmente desde os tempos remotos da Terra. Contudo, os cientistas evidenciam que as variações atuais são aceleradas em função do modo de vida adotado pela humanidade a partir da Revolução Industrial. A busca por energia, minerais e água, somada à produção alimentar em larga escala para bilhões de pessoas, provoca extração de recursos naturais até seu esgotamento. O gás carbônico, resultante do consumo e da produção industrial, é o principal responsável pela intensificação do efeito estufa, fenômeno que mantém a temperatura do planeta. Diante dos alertas científicos, o Acordo de Paris (2015) estabeleceu a meta de limitar o aquecimento global a 2°C em relação aos níveis pré-industriais.

Como a dinâmica climática é global, o enfrentamento também precisa ser. No entanto, cada região sofre impactos de forma diferente e requer ações locais sustentáveis, capazes de responder às suas particularidades. É com esse propósito que o IV Painel Paraibano de Mudanças Climáticas, com o tema “A Consciência pelo Conhecimento”, vem fortalecendo o diálogo técnico-científico e subsidiando políticas de prevenção e mitigação no estado. Entre as iniciativas previstas, destaca-se o Dia Estadual de Conscientização sobre Mudanças Climáticas, celebrado em 20 de setembro (Lei Estadual 12.392/2022), quando serão realizadas ações em parceria com ONGs paraibanas.

Impactos
De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Aldrin Marin Perez, mesmo com o cumprimento das metas do Acordo de Paris, o Brasil continuará enfrentando alterações nos padrões climáticos.

“Existem 14 ameaças climáticas sob cenários de aquecimento de 1,5°C e 2°C: aumento de temperatura e ondas de calor em todo o território, maior ocorrência de secas no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, e intensificação de eventos extremos como chuvas torrenciais e ventos severos.”

Na Paraíba, a zona costeira sofre com a elevação do nível do mar, acidificação e aquecimento da água, que provocam branqueamento e mortalidade de corais. No interior, a intensificação da desertificação e da escassez hídrica compromete a agricultura e a segurança alimentar.

Desertificação
O Boletim Temático da Sudene revela que 18% do território brasileiro, principalmente no Semiárido, está suscetível à desertificação, onde vivem 39 milhões de pessoas. Na Paraíba, mais de 12% do território já atinge os níveis mais altos desse fenômeno. “Onde a degradação se instala, crescem os riscos sociais — êxodo rural, insegurança alimentar, perda de renda, escassez hídrica”, adverte Aldrin Perez.

Apesar disso, ele afirma que é possível reverter parte do cenário: “Os mapas mostram onde estão os focos da degradação e, com isso, onde precisam estar concentrados os esforços de recuperação. Com políticas públicas bem orientadas, ações de rearborização, agroecologia, manejo sustentável e justiça ambiental, é possível reverter parte desse cenário.”

Próximas etapas do IV Painel Paraibano de Mudanças Climáticas

Etapa Agreste: Campina Grande – 04/09 (INSA)

Etapa Mata Paraibana: João Pessoa – 24 e 25/09 (IFPB Jaguaribe)

20/09: ações com ONGs paraibanas