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Seap Paraíba realiza painel Diálogos sobre Assistência Religiosa no Cárcere
O evento Diálogos sobre Assistência Religiosa no Cárcere apresentou um panorama atualizado da assistência religiosa no sistema penitenciário paraibano, promoveu um diálogo entre o poder público e instituições religiosas atuantes nas unidades prisionais, compartilhou boas práticas e desafios, e estabeleceu encaminhamentos conjuntos para o fortalecimento desta política pública.
Os diálogos aconteceram na manhã desta terça-feira (9), no auditório da Escola de Serviço Público do Estado da Paraíba (ESPEP) em Mangabeira, João Pessoa com a presença do secretário da Administração Penitenciária, João Alves, do juiz Carlos Neves da Franca Neto da Vara de Execução Penal (VEP), da juíza auxiliar Andrea Arcoverde, diretores de unidades prisionais e representantes de diversas instituições religiosas que atuam nas prisões. Além da anfitriã, Ivanilda Matias, superintendente da ESPEP.
O secretário João Alves destacou que “para além dos números, há histórias que revelam a profundidade desse trabalho religioso nas prisões. Por isso, reafirmamos o compromisso da Seap-PB em fortalecer a assistência religiosa com responsabilidade, pluralidade e diálogo com todas as tradições. Nosso objetivo é simples e urgente: levar dignidade, presença e esperança a quem mais precisa.” O gestor agradeceu aos representantes das religiões e a todos participantes.
O juíz Carlos Neves da Franca Neto observou que esses diálogos podem ser promovidos pelo Estado também em outras áreas como a educação, saúde e que a assistência não diz respeito somente a serviços materiais, estrutura física e assistência social, tudo o que a Lei de Execução Penal prevê. Enfatizou ainda que “A assistência religiosa toca a dimensão mais íntima do ser humano, que é a fé. A consciência naquilo que sustenta as convicções pessoais de cada indivíduo. Cada um de nós busca ter convicções pessoais e a fé é preponderante para que essas convicções se estabeleçam”, pontuou o magistrado.
Para Thiago Robson Lopes, ponto focal no evento, “a assistência religiosa no sistema prisional não é sobre impor crenças, mas sobre garantir direitos e proteger a dignidade humana. Vivemos em um Estado laico, e é justamente essa laicidade que assegura que todas as tradições tenham espaço, sem privilégios e sem silenciamentos. O censo inédito realizado pela Seap-PB nos permitiu compreender melhor quais grupos religiosos estão presentes nas unidades, quais territórios ainda carecem de cobertura e qual é o impacto real dessa atuação no cotidiano das pessoas privadas de liberdade”.
O Coral Vozes para Liberdade, da Penitenciária Desembargador Sílvio Porto, interpretou as músicas Te Agradeço, Deus me Levanta e A Ele a Glória, sob a regência de Sérgio Gerarde, maestro e preparador vocal. O coral existe há 10 anos e está inserido no Projeto de Ressocialização pelo Canto por meio da Coordenação Musical da Gerência da Ressocialização. Tem a participação do instrutor musical, maestro Daniel Berg, o apoio da juíza auxiliar da Vara da Execução Penal da Capital, Andrea Arcoverde e também do Conselho da Comunidade da Capital.
Na sequência houve a exposição Valores e Panorama da Assistência Religiosa no Sistema Penitenciário Paraibano, apresentada pelo policial penal e presidente do Conselho da Comunidade, Thiago Robson Lopes.
A etapa final do evento foi o Painel de Diálogo, momento dedicado ao compartilhamento de perspectivas, vivências e práticas das diversas tradições religiosas atuantes no sistema penitenciário paraibano.
Cada represente das religiões presentes, expôs suas vivências junto aos reeducandos. Tendo como mediadora a professora e pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba, Luziana Ramalho Ribeiro. Os participantes parabenizaram a iniciativa da Seap-PB em promover o oportuno diálogo e afirmaram estar disponíveis para manter e ampliar as ações de espiritualidade nas prisões a partir da normatização que a secretaria estabelecerá por meio de portaria.
Participam do Painel de Diálogos:
Luziana Ramalho Ribeiro - Pesquisadora Líder do GEVISP/UFPB.
Padre Bosco – da Coordenação da Pastoral Carcerária Católica.
Lívio Lima, representante da Federação Espirita da Paraiba.
Vanuza Cavalcanti Fernandes – Representante das Religiões de Matriz Africana; Ilê Axé Opô Oyá Padá.
Luzauri Bezerra de Macedo – Coordenadora da Pastoral Evangélica.
Francisco de Assis Castro – Pastor Capelão da Cidade Viva.
Andrilson Luís de Lima – Autor do livro “Estou preso, mas a Palavra de Deus me libertou”.
Hugo Borges, presidente da federação israelita da Paraíba.
A abertura do painel foi com Andrilson Luís de Lima atualmente em cumprimento de pena na Penitenciária Desembargador Sílvio Porto. Este ano ele se tornou autor do livro “Estou preso, mas a Palavra de Deus me libertou”, que traz como subtítulo a frase “Preso no corpo, livre no espírito”. A obra reúne reflexões e testemunhos sobre sua transformação espiritual dentro do cárcere.
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Ascom/Seap
Texto: Josélio Carneiro de Araújo
Fotos e revisão: Wanildo Martins